segunda-feira, 4 de julho de 2011
Tatuagem na Água - Jaci Bezerra
No Recife me perco e me inauguro
Pisando acácias e éguas machucadas,
No bolso o sol ferido, um sol maduro
Escorre, úmido, e acende a madrugada.
Uma árvore brota no meu peito impuro
Acalentando a infância que, abismada,
Brinca dentro de mim e dói no escuro
Sempre por um menino acompanhada.
Nunca a essa cidade fui perjuro
Nem nunca a reneguei, talvez por isso
Ela me planta e aninha entre os seus muros,
E eu a carrego em mim, arrebatado,
Apodrecendo nos mangues dos seus vícios
E amando como se nunca houvesse amado.
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