Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa;
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Rio, 27 de Dezembro de 1947
Um comentário:
Este bicho sabe o valor a cada lúcido degrau de integridade e o sensorial desejo redenção, sabe provavelmente o remédio para suas feridas seculares, fuzilando a fome e catando no céu o seu ouro.
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