segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Bandeira da Aurora.

Contemplo a arquitetura da Aurora
Recreio dos pássaros da Boa Vista
Do seu cais palco sempre dourado
E de museus falando as suas horas.

Aurora musa dos sonhos de Bandeira
Mãe de tantos andarilhos girassóis
Plataforma de olhares impassíveis
Transmutados pelo pão de cada dia.

Aurora monumento à liberdade
Descortina o Palácio das Princesas
E acolhe os eternos namorados
Embriagados com a lua do seu rio.

Quisera eu aqui ter vivido
A aurora azul da minha vida
Nesta via de perfeita geometria
Entre a fumaça e névoa da cidade.

Aldo Lins.

sábado, 6 de setembro de 2008

Evangelho de Aquárius.

Vai
Caminha sobre as águas
Transforma as tuas mágoas
Em gaivotas azuis sobre o mar
Joga as cinzas, todas as cinzas
Nos túmulos dos verdugos
Que hoje nasceu a paz.

Prende a tua dor entre as ruínas
Ergue duas colunas de vidro entre as colinas
Que nas catedrais em que se enfraquecem os sonhos
Há fortalezas de homens e mulheres oásis.

Deixa que esta nuvem de açucenas
Conduza este corsário que voa
Como galo de rinha em arco e flecha
Porque na fragrância flagrante de teus olhos
Há uma sombra que assombra as minhas pedras.

Levanta
Sob os acordes das trombetas
E na bênção dos seios maternos
Rasga o véu que esconde os teus desejos
Porque as mãos que seguram o medo
Não exorcizarão jamais esta calma assassina.

Aldo Lins

Cachaçatômica.

Me armei com o copo e a espada
E a minha lança perfumada
Como um infante
Que perdeu a infância
E a infantaria.

Não reconheci o meu inimigo
Só no espelho o coração ferido
Como um cavaleiro
Que perdeu a dama
E a cavalaria.

Arremessei cem copos
De goela abaixo
E atrevessei a rua
Como um artilheiro
Que perdeu o gol
E a artilharia.

Aldo Lins